Translate

sábado, 3 de agosto de 2013

A Revolução Francesa (aprofundamento)

A Revolução Francesa foi marcada por uma importante transformação do sistema social e político. Iniciada em 1789, foi uma revolução de ordem burguesa dentro de uma sociedade onde o Antigo Regime passava por crises.

O contexto cultural e social
Na França existiram grandes filósofos do Iluminismo, que criticavam a organização econômica, defendendo a renovação das instituições. Seus pensamentos não ficaram restritos somente à França, foram difundidos também nas colônias americanas na época de sua independência.
Os principais filósofos ilustrados foram: Montesquieu, Rousseau, Voltaire, D'Alembert, Diderot e Quesnay.
Esses filósofos já haviam falecido quando a revolução começou, mas seus pensamentos não.
A sociedade francesa era dividida em estamentos chamados de estados ou ordens:
1° Estado - clero, representava menos de 2% da população.

2° Estado - nobreza, representava 1% da população.

3° Estado - povo, representava 98% da população.

O clero e a nobreza não pagavam impostos e ocupavam os principais cargos administrativos do Estado.
O 3° Estado era quem sustentava o Estado Absolutista e pagavam impostos, além de alguma contribuição.

As causas da revolução
A situação da França não era boa. Com a derrota para a Inglaterra na Guerra dos Sete anos (1756 - 1763) e depois, onde aliou-se com os Estados Unidos na Guerra de Independência, a economia do Estado entrou em decadência.
Com isso, a Monarquia Absolutista começou a aumentar os impostos e as contribuições do 3° estado, gerando revolta da população, que passou a reivindicar por igualdade civil e abolição dos privilégios do clero e da nobreza.
Os anos de 1788 e 1789 também foram difíceis. As colheitas foram péssimas por causa do inverno em 89, o que gerou fome e revoltas por toda França.
Para tentar resolver a situação econômica, em 1787 houve uma reunião entre a nobreza e o clero. Nessa reunião tentou-se acabar com os privilégios do 1° e 2° estados de não pagarem impostos.
Não havendo aceitação da proposta pela nobreza e pelo clero, o rei Luis XVI convocou então a Assembléia dos Estados Gerais, composto pelos três estados.
Aí então entrou em discussão uma outra situação: a da votação.
A votação era feita por grupo social, e não por número de deputados (a nobreza com 270 deputados, o clero com 291 e o terceiro estado com 578).
Se fosse por número de deputados haveria a vitória do 3° estado, mas sendo por grupo social, a vontade do clero e da nobreza sempre prevaleceriam, por terem as mesmas ambições.
Sendo assim, o terceiro estado reivindicou a mudança da votação, querendo que fosse por voto individual. Eles contavam com o apoio de alguns deputados do clero e da nobreza que eram favoráveis às idéias liberais e queriam mudanças.
Mas o rei não aceitou a reivindicação e resolveu dar por encerrada as atividades, fechando a sala onde se reuniram.
Em 10 de junho o terceiro estado e seus aliados do clero e da nobreza ficaram revoltados e se reuniram, em outra sala, onde se declararam, no dia 17, Assembléia Nacional.
As fases da Revolução

Fase Moderada (1789 - 1792)

Nessa reunião a nova assembléia criada tomou uma decisão radical, no dia 9 de junho se autoproclamou Assembléia Constituinte, o que lhes permitia poderes para mudar a ordem política.

O rei tentava acabar com isso, enquanto a população ia para as ruas protestar contra o governo, num confronto com as tropas do rei. No dia 14 de julho, o povo invadiu a Bastilha, fortaleza e prisão política, símbolo da tirania do Sistema Absolutista francês. Os rebeldes libertaram os poucos presos que haviam, pegaram as armas e demoliram o prédio.

A violência não ficou apenas nas ruas, na zona rural também houve revolta, onde se iniciou o período chamado de o Grande Medo.
Os camponeses se rebelaram contra os seus senhores, invadiram fazendas, executaram alguns nobres e queimaram títulos de propriedade feudal. Essa revolta demonstrava a situação de miséria vivida nos campos.

O novo governo percebeu a gravidade da situação com a revolta camponesa e, temendo o que pudesse acontecer, estabeleceu uma série de reformas que visaram alterar as estruturas do Antigo Regime, abolir os privilégios do clero e da nobreza e atender as reivindicações dos revoltosos.
Os projetos foram:

Abolição dos privilégios feudais;

eleboraram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que foi baseado na Constituição dos Estados Unidos. Tinha como lema: Igualdade, Liberdade e Fraternidade;

confisco dos bens do clero;

elaboraram a Constituição Civil do Clero, onde a igreja passa a se submeter à autoridade do Estado;

as classes privilegiadas passavam a pagar impostos;

elaboraram uma nova Constituição, onde a França passou a ser uma Monarquia Constitucional, e os direitos políticos teriam base censitária.

Com essa nova constituição, o poder do rei ficaria limitado, onde lhe caberia o poder executivo e à Assembléia Nacional o poder legislativo, passando a ser Assembléia Legislativa.
A burguesia alcançou se objetivo, se igualando politicamente ao clero e a nobreza. Ela não queria o fim da Monarquia, apenas o fim do absolutismo real. A população ficou fora de qualquer participação política.
O rei foi pressionado a aceitar e assinar a nova constituição.

Em julho de 1791, o rei e sua esposa tentaram fugir. Tiveram a ajuda das monarquias da Áustria e Prússia, que temiam que a revolução ultrapassasse as fronteiras da França e chegasse a seus países. A contra revolução começou a ser articulada fora da França.
O rei saiu de Paris escondido, mas foi descoberto e levado de volta para Paris, onde ficou sendo vigiado.

Com isso a população passou a exigir o fim da Monarquia e a proclamação da República, acusando o rei de traição.
Este foi afastado temporariamente para não acontecer algo mais sério.

A burguesia havia conseguido limitar o poder do rei e acabar com os privilégios do clero e da nobreza. Mas estes estavam insatisfeitos e iriam reagir.

O governo da França mandou a Áustria expulsar de seus territórios os nobres fugidos da revolução, mas esta não aceitou. Em 20 de abril de 1792 ocorreu a guerra contra a Áustria.
A França não estava preparada para a guerra. Houve a união dos exércitos da Áustria e da Prússia, que marcharam para Paris.
O exército francês passou a convocar voluntários da população para defender a Revolução.

Houve a radicalização do movimento revolucionário. Guardas nacionais unidos aos operários e aos sans-culottes (pequenos proprietários) pediram o afastamento definitivo do rei. Apoderaram-se do Palácio das Tulherias. O rei Luis XVI foi encarcerado com sua família.
Em novembro de 1792 a guerra acabou com a vitória das tropas francesas, com a ajuda dos sans-culottes.

A Assembléia Legislativa foi substituída pela Convenção Nacional. Acabava assim a Monarquia Constitucional e se iniciava a República. Em dezembro de 1792, o rei foi condenado à morte na guilhotina.


Fase Radical (1792 - 1795)
A Convenção Nacional era dividida em três grupos políticos:
Girondinos: pertenciam à alta e média burguesia. Eram contrários a participação popular nas decisões políticas. Representavam os conservadores.

Jacobinos: pertenciam à pequena burguesia e às camadas populares (sans-culottes). Eram liderados por Robespiere e Saint-Just.

Planície: pertenciam à alta burguesia financeira. Ora apoiavam os girondinos, ora os jacobinos. Também eram conhecidos como pântano.

Governar a França estava difícil. Com a morte do rei e sua esposa em 1793 houve muitas reações na França e fora dela. Foram revoltas monarquistas contra a República.
Para fortalecer a ordem revolucionária, os jacobinos criaram três órgãos:
o Comitê de Segurança Nacional; o Tribunal Revolucionário e o Comitê de Salvação Pública.
Os jacobinos cresceram politicamente nesse período e, com o apoio popular, e liderados por Robespierre, tomaram o poder.
Seu governo virou uma ditadura centralizada. Eles tomaram as seguintes medidas:

  • Abolição da escravidão; 
  • tabelamento dos preços; 
  • reforma agrária; 
  • ensino primário gratuito e obrigatório; 
  • aumento dos impostos sobre as grandes fortunas; 
  • instituição do voto universal.


Havia muita divergência entre os jacobinos e os girondinos dentro do governo, que ficou pior com o assassinato do líder jacobino Marat, em 13 de julho.
Iniciou-se o período do Terror. Robespierre havia tomado a liderança do Comitê de Salvação Pública, passando a executar todos que iam contra o governo, entre eles nobres e girondinos.
Esta fase, que durou de 1793 até 1794, foi a mais radical do período revolucionário.
Robespierre dizia que só com terror para acabar com os inimigos da República.
Mas nem todos os jacobinos concordavam com a violência que Robespierre havia começado. Chefiados por Danton, alguns jacobinos queriam o fim das perseguições. Com isso, foram mandados para a guilhotina, inclusive Danton.
Por causa das divergências dentro do governo, muitos se colocaram contra Robespierre. Seu governo se enfraqueceu, e no dia 9 do mês termidor (calendário da revolução) a alta burguesia derrubou Robespierre, que foi morto na guilhotina junto com Saint-Just.
Era o fim da fase do terror e início da Reação Termidoriana.

Fase Conservadora (1795 - 1799)
O poder Legislativo passou a ser comandado pelo Conselho dos Quinhentos e o poder Executivo por um Diretório, com cinco membros.
As medidas tomadas pelos jacobinos foram desfeitas:
a escravidão voltou nas colônias;
revogaram a lei do ensino obrigatório;
afastaram a população das decisões políticas.
Elaboraram uma nova constituição e afastaram muitos jacobinos da Convenção.
Não foi uma fase boa. A pobreza aumentou, o preço dos produtos também. Houve o agravamento da inflação, as colheitas não foram boas aumentando a miséria. Alguns pediram a volta da constituição de Robespierre.
Havia corrupção entre os líderes do Diretório. Os jacobinos queriam voltar para o poder enquanto outros a volta da monarquia.
Em outubro de 1795 os monarquistas tentaram um golpe para retomar o poder mas foram reprimidos pelo exército chefiado pelo General Napoleão Bonaparte.
Era o início de muitas vitórias de Napoleão, que o levaram ao poder em 9 de novembro de 1799.


O período Napoleônico (1799 - 1815)
Consulado (1799 - 1804) Império(1804 - 1814)


Dentro de uma França com instabilidade política, Napoleão Bonaparte se destacou como herói nacional por causa das vitórias de seu exército.
Chegou ao poder com o Golpe de 18 Brumário,dissolvendo o Diretório.
Foi instituido o Consulado, onde o poder político ficou centralizado nas mãos de Napoleão. Era ele quem controlava o exército, nomeava toda a administração e criava as leis. Se tornou cônsul em 1802 e imperador em 1804, tornando-se Napoleão I.
Durante o consulado, o país foi modernizado, pois a nova ordem incentivou obras públicas, criou o Banco da França, centralizou a administração pública. Foram medidas que beneficiaram principalmente a burguesia.
Em 1804 foi feito o Código Civil (ou Código Napoleônico), que tinha como meta a liberdade, propriedade e igualdade perante a lei.
Houve uma nova constituição que instituiu o Império, onde Napoleão foi coroado imperador em 1804.
Durante o império, houve a guerra contra a Inglaterra. Os dois países queriam expandir seus territórios e aumentar sua influência na Europa.
Junto à Inglaterra estavam a Rússia, a Áustria e a Suécia. Com a França se uniu a Espanha.
As forças de Napoleão derrotaram os da Rússia e da Áustria, mas foram derrotados pela Inglaterra.
Para os franceses havia dificuldade em derrotar as forças navais inglesas. Por causa disso, Napoleão decretou o Bloqueio Continental, que proibía todos os países de realizarem comércio com a Inglaterra.
Os países que não aderiram ao Bloqueio foram invadidos pelas tropas francesas (foram Portugal e Espanha).
A Rússia quebrou o acordo feito com a França, voltando a comercializar com a Inglaterra. Napoleão então invadiu a Rússia.
Houve a derrota de Napoleão para o exército russo. As perdas foram enormes. Os países vitoriosos se reuniram no Congresso de Viena para resolverem a situação da França.
Em 1814 Napoleão foi obrigado a abdicar do trono por causa do ataque da coligação militar que se reformou, composta por Inglaterra, Suécia, Prússia, Áustria e Rússia, os inimigos de Napoleão Bonaparte.
O irmão de Luis XVI, Luis XVIII retaurou a Monarquia dos Bourbons na França.
Mas Napoleão não desistiu, fugindo da ilha Elba em 1815, onde foi exilado, e voltando a França. Ele conseguiu voltar ao poder, que durou mais ou menos três meses. Novamente foi derrotado pelo exército da Inglaterra e da Prússia, tendo que abdicar pela segunda vez. Foi exilado na ilha de Santa Helena e morreu em 1821.

Congresso de Viena
Com a derrota de Napoleão em 1814 os países vencedores se reuniram no Congresso de Viena onde organizaram algumas medidas:
  • a França foi obrigada a devolver todos os territórios que havia conquistado desde 1792; 
  • a Monarquia foi restaurada; 

alguns princípios foram impostos:
  • da Legitimidade - cada país deveria reconduzir ao poder as dinastias depostas por Napoleão.
  • do Equilíbrio Europeu - todas as nações européias se reuniram em torno de interesses comuns.
  • criação da Santa Aliança - formação de coligação militar entre os países absolutistas, lutando contra as transformações revolucionárias.


Mas com as transformações que haviam ocorrido na França, o liberalismo resistiu vitoriosamente à repressão dos conservadores.

Nenhum comentário:

Postar um comentário